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Mostrando postagens de 2007

Saudade

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No meio da noite senti que me chamavas e acordei, alvoroçada te procurando no breu. E meu coração doeu fundo de uma dor que não se explica apenas se sente. Dor de saudade.

Eu vim...

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Eu vim para diversificar erguer bandeiras soltar o grito preso na garganta propagar o diferente incentivar o exótico libertar mentes Eu vim para matar a ignorância Ressuscitar ideais quebrar barreiras elevar saberes acender sentidos escalar obstáculos Eu vim para ser diferente religar relações criar novas possibilidades processar o exótico inventar paixões descobrir novos paradigmas Eu vim para viver intensamente plenamente fervorosamente apaixonadamente... Eu vim para recriar o novo

Procedimento de cura de um coração ferido

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Um coração ferido é uma porta de entrada para enfermidades terríveis como a solidão, a tristeza e, a pior de todas, a mágoa generalizada que, como todos sabem, pode provocar a morte súbita da alma do portador. Exatamente por isso merece cuidados especiais em seu tratamento, que é difícil e dolorido Deve-se abrir bem a chaga com o dedos e dela retirar o rancor, a raiva e todos os mal-entendidos. Deve-se cutucá-la fundo, o que traz um incômodo grande ao paciente, provocando dor aguda. Por isso nossa orientação é de que ele faça o procedimento em si mesmo, aos poucos, até onde seu próprio limite permitir. Mas atenção! Se ficar algum vertígio de sujeira, o corte nunca cicatrizará. Portanto esta é uma fase fundamental do tratamento. Depois de limpo, o ferimento estará profundo e aberto por completo. Deve-se então preenchê-lo com boas lembranças, olhares de promessas, flores roubadas ou fotos do verão passado. Compressas com lágrimas e ingestão de chocolate meio amargo acompanhado de potes d

Gol!!!!

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A bola espalma salta, pinga Rola rola rola. O menino corre, Salta, grita, Corre corre corre. A bola colorida, Verde e amarela O sonho do menino Verde e amarela . O menino lança então a bola Entre as traves de madeira.

Sóbria

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Puxa, como tem coisa dentro de mim! Uma razão piegas convivendo Com um amor metódico, Um colorido negro Uma dúvida dentro da resposta Um ensurdecedor silêncio. Como viver assim? Uma certeza remoendo Lucidez psicótica Num verão gélido Modernidade ortodoxa Incontáveis sentimentos. Mas para tudo existe um fim Sanidade renascendo louca, exótica Curando o enfermo Ganhando a aposta Extinguindo o lamento.

Sobre todas as coisas

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Não adianta enquadrar em conceitos, Inventar cálculos matemáticos, Mapear DNA... Parem com todo esse blábláblá!!! Discursos empolados Teorias complicadas... Para que explicar o inexplicável, Sofisticar a beleza do simples, Que é o que se resume a vida? Todas as coisas são feitas do mesmo pó Mas jamais serão iguais, classificáveis Nomeáveis Todas as coisas têm alma Significado único, Vida própria Todas as coisas possuem cor única, Dúvidas impróprias que morrem com respostas, teorias, mentiras Porque a vida seca se nos preocuparmos somente em classificar e nomear todas as coisas E nos esquecermos de apenas vivenciá-las...

Encanto

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No ar, paira a música Que encanta, fascina Espanta, ilumina. Notas soltas, Bailando coloridas ao léu, Faceiro espanto Iluminando olhares, Que orvalhados, Sentem a beleza do mundo Que ainda resta, Distribuídas em cristaizinhos musicais...

Urbanóide

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Ouvidos atentos a qualquer zumbido Alerta a qualquer perigo A caminho de lugar nenhum, O coração pulsando incomum. Vagando a procura do trânsito Que me soa como um belo cântico Insone, mesmo sem motivo Buscando enfim, um novo ânimo. Protegido pelo concreto de teus prédios Encontro coragem para sonhar Envolvido por teu povo sério, Me encontro em um outro olhar. O caos organizado O céu anuviado O verde acinzentado Contemplo, sonho acordado.

Ciclo da vida

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Minha vida é cíclica: Não possui começo nem fim. É fria, é cálida Tudo move-se em mim. É alegre, é árida, Só posso ser assim! Num momento feroz, No outro pontual Mas adiante atroz, Logo depois infernal. Posteriormente algoz, Futuramente serviçal. Neste jogo sem regras Brinco com os meus sentimentos. Aguardo uma nova era Vida livre de sofrimento Enquanto medito junto à janela Para minha ferida um ungüento. Alma quebrada, Junto cada pedacinho, Para com alma lavada Envolta em linho Retornar curada Retornar de mansinho. Porque sim, voltarei, Conforme conta o mito! Eu poeta não morrerei Nos infernos, eu sinto! Fortalecida enfrentarei A verdade, o caminho

YOGA

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Hoje eu parei um momento Para escutar o meu coração Sentir seu compasso lento Sentir a minha respiração Hoje, só hoje, parei para me ouvir Só um segundo, só um pouquinho E meu coração só fez sorrir! Senti o universo interagir dentro da minha emoção Senti que o infinito estava cravado em meu coração Senti que tudo está atado à minha alma Percebi que por isso posso ter calma.

Receita

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Havia papel cor, grafite caraminholas na cabeça. Preenchi a cabeça com cor e com grafite a intenção. Deu papel encaraminholado.

Morfologia

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As palavras adoram andar de mãos dadas cantando fonemas repletos de coesão, se intertextualizando nos parágrafos, derramando acentos. Se armam de intenção e de trejeitos até florecerem adjetivos, argumentos verbais, adjuntos adnominais num substantivo abstrato de um mundo imaginário feito de conjunções que unem períodos e formam idéias.

Novos questionamentos...

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Pra que provar? Provar pra quem, Se a vida é minha E não é de mais ninguém? Ser julgado? Julgar-se? Se quem é santo e quem é cordeiro Neste mundo de raposas? Facilitar? Se a conquista é o gostinho do prazer Se é o esforço que traz a vitória!

?

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Primavera

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Depois da tempestade sempre o sol vem Basta que abramos as janelas, Acolhamos o calor de seus raios na pele Seu brilho em nosso olhar! A brisa sempre chega Soprando as nuvens escuras Trazendo a pureza do céu azul As flores desabrocharão, Colorindo a brancura deixada pelo inverno Os passarinhos cantando, Trarão de volta a primavera. Para recomeçar, basta o primeiro passo que impulsione um outro E mais um... Assim seguimos adiante na busca da felicidade.

Deus

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Olhos feitos de entendimento, Mãos abertas feitas pra benção. Cabelos de criativa invenção Penteados pela eternidade.

Reflexões.....

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A única coisa que move o mundo é o outro. Por isso nossa sociedade se encontra estagnada: porque todos se importam somente com o "eu", esquecendo o outro, freando o desenvolvimento dos sentimentos, que é o único meio de comunicação que temos para falar com Deus.

Devaneios lunares

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Papel azul veludo coalhado de estrelas Paro tudo, fico mudo diante dessa realeza A lua brilhando no céu Sua beleza brilhante A lua cheia ao léu Pendurada em um barbante

Burgueses

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Ter carro, mansão cavalo, bicicleta, avião saber francês, inglês, alemão Ser pequenininho alma orgulhosinha cara chatinha empedrado coração

Saudade

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A saudade é lembrança Da felicidade; ganância De desejar a bonança Que é a vida com tua presença A saudade é leve; Expulsa toda melancolia. Me envolve num ar alegre, Esboça no rosto um sorriso breve. A saudade é a batida Do coração em nostalgia. É a imagem dolorida De uma despedida .

Roda-gigante

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A gente não escolhe o amor O amor é que escolhe a gente A gente se enamora, Dança na chuva Sorri pra lua Canta baixinho Sacode a poeira Se enfeita de carinho Mas nada é do jeito Que a gente espera e quer! E roda o mundo Gira a roda E quem a gente ama dá no pé! E dói o coração de uma dor apertada que torce o coração e derrama lágrimas ardidas... Mas não tem jeito não! Tem que ser bola pra frente Cabeça erguida Se não a gente não agüenta E suicida o que de melhor a gente tem O poder de amar !

Litoral

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E o sol se põe O céu vermelho reflete na areia O castanho de teus olhos. E a noite vem. E a lua me sorri, Suave como o teu sorriso. E o vento acaricia minha pele Sutilmente, Como o toque de teus dedos. Fecho meus olhos; Nasce de meus lábios um beijo Que te envio no vento Sob a cumplicidade da noite

Triste

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Hoje estou triste Mas não estou abalada Pelo fato de viver num país anti-democrático Nem porque vivo no escuro. Não estou desiludida por não ser amada Nem porque meu aconchego é a solidão. Não tenho raiva por causa da guerra. Não tenho riso, Não tenho brilho, Não me sinto perdida. Carrego apenas o obscurantismo de ser E oca, vago no infinito.

Rosa

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Meninas são mulheres que olham para dentro Que se despem dos valores deste mundo Para se vestirem de sonho Meninas olham para o céu para contar nuvens e sonhar com estrelas distantes Encantam mesmo feias. Meninas são belas por dentro sorriem desengonçadas sorrisos sinceros Saltam imposições voam mesmo sem asas. Libertam tristezas porque sabem chorá-las. Meninas derramam lágrimas Secam tristezas, jamais o coração.

Apelo Moderno

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São Jorge Livra-nos do dragão Da Inflação, Amém! Nossa Senhora Aparecida Não nos deixe cair na tentação Da Corrupção Amém! Arcanjos dos céus Protejam-me do cinismo Do Capitalismo Amém!

Cotidiano Engessado

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J anela se abre O Sol nasce Ônibus lotado Pensamentos atados Escritório fechado. Meio-dia Hora tardia Brinco com a comida Repleta, vazia Pausa na vida. A noite escura A lua procura, presa na busca Que o livro rebusca mas que a alma não cura.

Um monólogo

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Solidão é estar junto........ consigo mesmo Conversar....................com o próprio coração Estancar feridas.............da própria alma Calar a dor...................de si mesma. Encontrar-se.................no próprio corpo É amar! Independentemente de ser amada. É conformar-se....................................com a partida daquele que afirmou seu desamor atiçou a dor e me apontou o inferno no qual eu não quis caminhar..........sozinha. Solidão é trancar-se e perder-se para sempre dentro da própria alma entender-se, não mais cobrar-se consolar-se no próprio abraço! emocionar-se com a música produzida pelo girar do mundo e umedecer o olhar diante do pôr-do-sol. Solidão é aceitar sua própria escuridão

Psicodélica

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Eu naveguei na maionese Até entrar num país esquisito Cheio de frescura, Good-byes, So longs, Coca-Cola always, Dead-lines.... Desesperada, Naufraguei. Me afundei E fiquei encucada por séculos completos dormindo enfeitiçada O príncipe não veio, uma pena! Cansada de esperar, gritei, Até chegar um cavalo alado Azul celeste que me carregou para um prédio de 30 andares! Comprei um jeans e cortei as tranças Calcei um tênis sem cadarço E resolvi olhar a vida de baixo Pés no chão, sem nuvens com papos desconectados Essa é minha nova realidade.
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Raiva A rrebatamento vermelho de contrariedades. È um não insistente: Um não querer saber não entender. É um caminho perigoso Trilha de minas explosivas. É estar cheio Ser impetuoso Armado até os dentes Cheio de não me toques Louco pra dar o troco.
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Affeur T eus olhos tão negros, Tão brancos Tão agitados, Tão tranqüilos, Me prendem no infinito... E me espanto! Acordo cantando, Presa por vontade Aos teus caprichos de amor.

VIVIR

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Olá amigos! Agradeço a visita e o apoio de todos vocês! Abaixo segue a bela tradução do poema "Viver", tecida pelo meu amigo Jorge Abril. Obrigada Jorge pela amizade e pelo carinho! Abajo sigue una bella traducción del poema "Viver", tejida por mi amigo Jorge Abril. Gracias Jorge por su amistad y cariño! VIVIR M i vida es la simplicidad del camino solitario del calmo andar en la ciudad , de un sentimiento humanitario por los niños sin edad. Mi vida es ansiedad, tonto sentir solidario que se esconde en un solario sin aire ni libertad (traducción de Jorge Abril)

Vida

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La vida es una lucha entre lo que es triste y lo que es bello. Cuando la belleza supera la tristeza, los ojos son luz, que resplandecen, por minutos que sea, la seguridad de vivir. El corazón repleto de belleza deja el alma sonreír. Cuando la tristeza es suprema, usa la belleza para probar la duda. Los ojos entonces son cristales, que anuncian que los espacios del corazón están ocupados por una abrupta melancolía. El alma sufre, perdida, contornsionándose con la duda de no comprender porque allí está. Muchas son las batallas. Y en la alternancia de los vencedores, vivimos entre la duda y la seguridad, entre la emoción y la razón. Entre lo que es triste y lo que bello es.

Estação Saudade

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V ocê pegou na minha mão E abriu-se o céu sobre a terra Que enfeitou-se de sons e cores. Eu encabulei, baixei meus olhos diante da realeza do teu olhar da luz do teu sorriso. E minha mão, derreteu. Você moldou-a de novo com carícias E me vi mulher. Sim! Mulher nessa vida intensa e bela Com que tu me presenteastes antes de me deixar Na estação Saudade.

Menina

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E u sou menina faceira, Sentada no alto das nuvens; Perninhas soltas no ar. Vento, ar, azul. Eu sou menina, Tranças largas Olhos redondos Presos no infinito.
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Viver M inha vida é a simplicidade Do caminho solitário, De passos calmos na cidade; De um olhar humanitário Sob as crianças sem idade. Minha vida é saudade. Sentimento mais otário, Que guarda minha alma num solário, Sem ar, sem liberdade.

Eu?

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E u, nacionalista? Só amo minha terra Porque me pariu! Eu, socialista? Só olho por quem Olha por mim! Eu, anarquista? Se emudeço o grito Na garganta! Vida artista! Papéis invertidos, Vidas trocadas...
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Enigma Q uando meu amado aqui não está Sou a chuva que cai, límpida e transparente, Purificando o coração dos homens. Sou mendiga, cega, órfã, Desfalecida, sozinha. Sou o deserto e suas maldições, Árida, salgada, amarga. Sou o decrépito, o satânico Sou a lua branca, que isolada Pendura-se na escuridão, escondida nas nuvens. Mas sei que meu amado volta Disco solar, sol de primavera Que acalenta as pequenas flores Acaricia-lhe as pétalas, Enxuga-lhes o orvalho do pranto. Amarelo luz No céu azul. Sorrindo, Porque volta Para os meus braços...

Sigo!

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E ansiosa, coração na mão sigo, Porque só para frente hei de andar! Sorriso nos lábios, olhar tranqüilo; Falar agitado, mãos alvoroçadas. Viver não se poupa: O amanhã é uma possibilidade Incógnita que incentiva o caminhar.

Onde andará?

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Onde há esperança? No horizonte? Afinal o sol nasceu... No canto, onde a lágrima é verdadeira? No espanto, que é o que nos impulsiona a viver? Ou talvez nos olhos que se fecharam para mim? Ou no encanto, que de repente se quebrou? Onde, me diga! Na brisa azul onde pairam as nuvens brancas? Na lua que brilha sozinha no breu? Na canção que feneceu? Ou talvez na luz que se apagou? ........................................................................ Mas talvez haja esperança no coração porque ele ainda bate não morreu...

Café

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A bre as portas da alma, doce e negro, espuma branca, remédio do irremediável. E feito chantilly eu me derreto, enternecida de consolo, pelo quente, doce e negro, que acalenta o coração. E feito açúcar desaparece a melancolia que mesmo não visível dá sabor à vida....

Sorriso

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E u me amo. Ora, se eu me amo, eu me amo sorrindo. Por isso nada pode derrubar meu sorriso. Sabe o que farei quando alguém tentar derrubar o meu sorriso? Vou sorrir um sorriso maior, mais brilhante, cheio de encantamento! E os outros que fiquem de cara azeda. Porque eu me amo e me amo porque tenho a capacidade de sorrir!

Romântica

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N ão existem adjetivos que contemplem a totalidade do que sinto por você em nenhum língua, em nenhum lugar deste mundo. Por que o que sinto por você é único. Por que o que vislumbro dentro de teus olhos é como um feitiço, o qual não tenho forças para lutar em contra, simplesmente porque não quero lutar contra ele. Quero sim ser absorvida por este castanho que me encanta, quero é ser sugada por ele, e transportada para outras esferas, outros mundos. Ambiciono através deles adentrar tua alma, povoar teus pensamentos, colorir as paredes de teu coração, da maneira que você fez comigo. Quero ser tua. E vivo a ânsia de caber dentro do teu abraço. Almejo ser digna de ouvir teu coração falar ao meu. Desejo teus olhos nos meus, tua boca na minha. E a minha pele grita a urgência dos teus carinhos, teus afagos, tuas mãos nos meus cabelos. E os meus olhos ficam aflitos quando não estão mergulhados no lago profundo e misterioso do teu olhar. E meu corpo mingua se não está perto do teu. E envelheço
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Delírio É aqui acariciando um copo de guaraná, Pensamento solto no ar... Olhos parados em algum ponto colorido, Que vejo teu sorriso iluminado, Sacaneando comigo, Rindo da saudade que sinto! E teu olhar me atordoa: Teus sentidos, mistérios. Me faço de forte, minto, Enquanto minha alma voa Para dizer no teu ouvido, improvisos dignos do Oráculo de Delfos .
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Tentar sempre! T entar sempre! Mesmo que o tombo seja grande, A dor dilacerante, A escuridão alucinante. Tentar sempre! Mesmo quando não há mais perspectiva. Mesmo que estejas aflita, E a infelicidade te persiga. Tentar sempre! Porque se findar a perseverança. Se calar a esperança, É teu sonho que se perde, É tua beleza que se esconde, É tua vida que termina.
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Um poema S ofia era só tristeza. Sentada no meio-fio, Abraçada aos seus próprios lamentos Via os carros passarem Via as pessoas correrem Só o nó na garganta não se ia Sofia baixou os olhos Ouvia o ronronar dos motores Ouvia os risos, os dissabores Dos transeuntes apáticos ao meio fio Apáticos à tristeza dela Até que um ser parou Ser, porque não era gente Ser, porque não era anjo E que mesmo sem ser anjo lhe deu a mão E mesmo sem asas ela voou E mesmo sem querer sorriu E viu o seu sorriso No olhar do outro Era tão bonito! Sofia era só esperança Andando no fio, do meio Da vida.
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Moça Tecelã P alavras nascem de meus dedos, Entremeios, sonhos, paixões Que saem sem rodeios. Espanta-me suas novas conexões. Vou assim aliviando minha dor Que se esvai em hieróglifos perdidos. Vou assim levando a vida com amor, Construindo sonhos antes esquecidos. Escrevo com raios de sol Nas noites mais escuras Ligando todas as estrelas Até a branca lua. Escrevo com meu olhar Nas mais diversas cores Em uma linha reta, Da minha vida, os dissabores. Vou tecendo aos poucos os caminhos Que desejo reencontrar. Com a linha da eternidade, Quero o mundo decifrar.
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Gris O sol hoje nasceu esquisito. Nasceu e mesmo assim não está. Está lá a luz amarela, fria que não aquece. A chuva veio; uma chuva que de tão fina não molha. Só está ali, formando nuvens. Nuvens que escondem o céu. Eu me levantei, o corpo reclamando a cama quente. Como todos os dias me vesti, engoli o café com leite e saí, enfrentando as paredes de concreto. Como é possível de repente nada mais fazer sentido? Como é possível de repente ser fugitivo de si mesmo? E a angústia ficou plastificada. E as feições endureceram. E o coração... sei lá onde se escondeu. Ronca o motor do carro nas filas intermináveis do engarrafamento. Os solitários carros incomunicáveis, vidros fechados para o horizonte. “Tio, tem uma moeda?” Carro parado no meio-fio úmido, passos largos, olhos perdidos no cinza. O crachá pesa no pescoço. Corro ocupar a mesa de todos os dias, atando os dedos ao teclado. Nascem ondas de papel da impressora. Engolir o café, amassar o copinho de plástico para livrar-se da raiva. O
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AZUL A s ondas lambiam a praia. Ela só caminhava, deixando os pés serem ungidos pela água salgada. Ela só caminhava, deixando lágrimas transparentes e límpidas lhe escorregarem pelo rosto. Naquele minuto, tudo parou. E ela transformou-se em matéria líquida, que derretia por dentro e chorava para fora. O céu alvíssimo lá em cima só servia para sustentar o sol que lhe evaporava as dores, consolando a carne. Mas a alma estava lá, trêmula, medrosa, embolada no umbigo. Ela olhou o mar esperando respostas e o mar só podia lhe dar perguntas. O mar viu os olhos de Laura repletos de gotas azuis e lhe cantou uma canção murmurejante, cheia de espuma. A água chegava-lhe nos joelhos, quando ela se abraçou ao suéter de lã. As ondas desenhavam com sal e areia estampas na barra do vestido. Quis afogar o pranto, desejou caminhar até o fundo atrás de uma saída. Fechou os olhos, o vento penteando os cabelos encaracolados para trás, deixando o rosto a mostra, pálpebras guardando as duas pedras de água-mar
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Lilás Q uando Clara queria estar só, tirava os óculos e via o mundo “a la Monet”. As placas viravam desenhos, os desenhos viravam borrões. E os borrões formavam figuras, que às vezes viravam letras. Os edifícios ficavam mais altos, as luzes desfocadas. Descia uma neblina branca, e o ambiente se tornava repleto de um mistério inglês. Livre de lentes, tudo era bruto, dentro de uma penumbra esvoaçante. Não havia sorriso nem pranto nos rostos alheios. Não havia cobranças. Só uma Clara sensível às coisas de uma forma diferente. Uma observadora de binóculo embaçado que podia, enfim, experimentar de novo aquela mesma sensação infantil de que, se não vemos, não somos vistos. Quando Clara arrancava os óculos, se despia do mundo. Conectava-se a um esconderijo onde podia escutar as batidas de seu coração, sentir o aroma da sua própria pele. Apreciar suas próprias texturas. Como se a miopia fosse a chave “desliga”: não lhe fazia mais sentido a legibilidade que lhe proporcionavam as lentes, o enfoq
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Eu sorri prá ele E vi a sua alma acender-se como estrelas iluminam a noite escura. Seus olhos tão especiais, dois candeeiros castanhos Meu coração se alegrou e eu o amei naquele dia no depois, e no outro. Para sempre aqueles olhos aquela luz refletida num sorriso...