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Mostrando postagens de 2011

Frases de ônibus (3); Chorar

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"Chorar faz bem. Mostra que a gente tem sentimento" Ela estava vestida de preto. Usava um lenço cor-de-rosa enrolado no pescoço, apertava a bolsa contra o peito. O celular não tocava de jeito nenhum. Correu, subiu no ônibus. Respiração ofegante, sentou perto da janela, a chuva caindo lá fora, desenhando o vidro do ônibus. Seguia abraçada à bolsa. Na cabeça um flashback. No coração, uma reviravolta de sensações. Tinha medo. Começar uma vida nova dava medo e tinha seus riscos. Por que esperar o telefone tocar? Ele não ia tocar. Ela nem queria que tocasse! Queria apagar para sempre aquela experiência boa que fcou tão ruim, tão sofrida. Então ela chorou. Uma lágrima escorreu pelas bochechas pálidas, enquanto a água escorria pelo vidro. O celular toca. - Filha, o que houve? - Mãe, estou derretendo o sentimento que há dentro de mim. Só que é tanto sentimento, que em estado líquido, escorreu para fora.

Frases de ônibus (2): Tatuagens

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" Ei, de tanta tatuagem sem noção você vai virar uma figurinha" Ei, por que você não tatua na pele algo de moral? Porque não tatua na tua cara um pouco de vergonha? Enfia no meio da testa um pouco de inteligência? Põe nos teus dedos algo de caridade? Porque não pendura nas orelhas a capacidade de ouvir? Bota no olhar algo de esperança? Porque não pendura na tua língua um beijo de amor?

Frases de ônibus (1) : Beber, esquecer e lembrar

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"Ela bebeu tanto para esquecer que acabou se lembrando até do que não devia" Ela bebeu para esquecer e no final se lembrou de uma risada estúpida de um passo torto de se vestir de nudez hipócrita. Ela bebeu até morrer e reviveu a dor, fez renascer o medo a insegurança a idiotice. Ela bebeu tanto para se libertar que se prendeu para sempre.

Projeto novo: frases de ônibus

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O blog andou parado, mas era porque eu estava tramando meu mais novo projeto. Bom, todos que me conhecem sabem que eu uso bastante o transporte coletivo. O que poucos sabem é que é para mim um laboratório observar as pessoas no ônibus, prestar atenção no que dizem, como se comportam, naquele espaço apertado, no intervalo da vida pessoal e da vida profissional, que é o que representa o caminho para o trabalho. O mais impressionante é que o material recolhido nessas observações são extremamente bons, profundos e intensos. Quem disse que quem anda de ônibus não pensa?Além do mais, existe tanta poesia dentro dos terminais, ônibus e pontos.... Tanta camaradagem entre as pessoas que se vêem todos os dias. Tanto da natureza humana: brigas, declarações de amor, lágrimas doídas, sorrisos, piadas, dor, dificuldades e superações. Serão publicados aqui mini contos e poemas que escrevi a partir de frases ou situações vividas dentro do trasporte coletivo. Espero que apreciem!

O que eu fui

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Eu era rocha e o mar batia, machucava, doía. Aí virei terra e em frangalhos ela levada para todo lado, sem rumo sem força, sem dor sem nada. Aí me calei. Estagnei. Esperei. Me abri a receber o que a vida dava de bom e de ruim. Chorei, encharquei o coração Até que uma semente me tocou e fiz florescer a flor do sorriso virei pétala, macia, que recebe o beijo do beija-flor a carícia do vento.

Plantar, podar e colher

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Na vida há o momento semente: preparar a terra, afundar a solidão da semente na imensidão da terra. Observar o broto meio sem jeito despertar para o céu, abrir-se e sorrir para a vida. Há o momento da poda: cortar o que não presta, eliminando o que não serve mais. Cortar, criar feridas que sangram, mas que cicatrizadas proporcionarão crescimento aprendizado, desenvolvimento. Mal necessário. Há o momento de colher a vida: aprender a receber o que se plantou, trabalhar a colheita dos frutos. Saber identificar o que deve ser colhido, o que deve amadurecer mais. Saborear os frutos do próprio trabalho. Apreciar a beleza das flores do próprio suor. A vida, meus amigos, é plantar, podar e colher. Mas tudo isso só se torna possível se regarmos a vida diariamente com muito amor.

Eu e a Terra

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Meus pés têm raízes que vão para além da terra para além da pedra. As raízes dos meus pés são profundas e buscam o sólido. Se alimentam do calor e da força da Terra. Minhas mãos têm raízes também vão para além do céu para além das nuvens As raízes das minhas mãos são profundas e buscam o abstrato. Se alimentam do brilho das estrelas. E se meus pés buscam força e minhas mãos buscam luz eu me conecto ao universo inteiro.

Passeios insanos

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Ando de um lado a outro Procurando respostas. Que besteira! quem eu sou não cabe na prateleira da biblioteca nem na cozinha e muito menos debaixo do sofá. Mas sigo andando movendo o corpo pela casa cabeça buscando respostas dentro dela mesma mesmo sabendo que não as encontrará. Porque todas as respostas do mundo só podem ser encontradas no coração. Pena o coração não ter boca para contar todos os segredos e encantamentos do mundo. O que resta é tentar escolhas, sentir o que ele sente e descobrir o caminho certo quando sentir que ele sorri.

Meio perdida, meio encontrada

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Tá, começar de novo dá trabalho. Quem disse que é fácil redesenhar os planos refazer os sonhos repintar o branco e preto que estava a minha vida? Mas é subir no salto me equilibrar respirar fundo contar até 3 ensaiar um passos desengonçados que com treino e esforço se transformarão um dia em um caminhar em paz.

Bem lá no fundo

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Olhando de pertinho, lá no fundo mais pra lá do mais além Ainda floresce em mim ideias, sonhos encantos, esperanças resolvi regar, botar no sol deixar o que floresce em mim respirar e tentar fazer com que essas poucas flores escondidas venham à tona na minha vida.

Levanta, sacode a poeira

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Enxuguei as lágrimas e treinei sorrir na frente do espelho. Contei até 3 e subi no salto Ensaiei passinhos na sala prendi o cabelo e a franja soltou esbanjando personalidade. As ideias encaraminholando na caixola abri bem os olhos de dentro fucei lá dentro e fiz uma faxina joguei montes de coisas fora e enfiei um monte de coisas de fora dentro. Tudo inverso e insensato. Respirei Suspirei e decidi enfrentar o mundo para ser feliz.

O medo

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O medo é um fantasma que me visita quando estou dormindo Ele me conta histórias de terror e muitas vezes me faz acreditar nelas. Como gosta de me pregar peças! E não tem graça nenhuma tê-lo comigo. Eu fujo, saio correndo em disparada Acordo esbaforida trêmula. Porque é tão difícil livrar-se do medo quando se está só e não se pode ter um abraço?

A tardinha

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A tarde cai devagar pintando o céu de vermelho eu só observo da janela olhos secos boca num sorriso feio. O frio fere a pele do rosto e canta nos ouvidos. A solidão me abraça convencida que sou só dela e de mais ninguém. A noite chega, devagar eu observando pelo vidro olhos úmidos boca numa canção doída. Escureço, junto com a noite quieta e calada.

Lira do coração estrelado

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Eu pulei até o carnaval, amor, procurando ao menos a alegria de ter um olhar seu. Procurei o sabor do seu beijo nos mais finos doces, busquei o brilho do seu sorriso nos faróis dos carros do trânsito acelerado de São Paulo. Nem o calor do seu abraço consegui, e o busquei num delicioso abrigo de lã.... Não, não foi possível. E o que ficou? Superficialidade, Sorriso ensaiado, O frio da garoa. Eu te dei tanto e você me deu tão pouco. O coração é ilógico, tão quanto um jogo de dados. E eu sou tão lírica quanto uma estrela...

Conjugando a solidão

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Eu estou só. Fui só. Serei só. Como o fogo que queima até virar cinzas, fumaça livre no vento voando sem rumo sem pertencer a ninguém. Eu queria ser flor, encanto, espanto. Canário do campo, para ao menos cantar meu canto triste. Mas sou mulher e ando no asfalto atravesso a dor e sorrio um sorriso de ser só.

Ponto para você

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Ok, vida, eu confesso Que vinha sorrindo com vontade de chorar. saia de casa sem vontade de sair do quarto que consolava os outros sem consolo para mim mesma Eu declaro pra todo mundo ouvir que me arrumava pra os outros com vergonha de me olhar no espelho que fingia de forte e forte não era. Que disfarçava as dores de dentro mas que tudo seguia doendo igual Que me vestia de cores e lá dentro estava tudo cinza. Você me pegou. Derrubou meu disfarce. Ponto para você.

Metrô Consolação

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Humanidade de chorar anônimo em meio a pessoas elétricas correndo passando aceleradamente como a vida passa Chorar anônimo é o verdadeiro consolo necessário para esvaziar-se e reunir forças para andar adiante Na Consolação, Chorar em meio a gente sem ser visto por ninguém nem por você mesmo

Esquecer de ser

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O meu mundo tem páginas infinitas com histórias múltiplas exóticas e diferentes divididas em milhares de tomos. Cada tomo, milhares de páginas, Em cada página, histórias múltiplas mas todas escritas com letras negras em páginas brancas que de tão infinitas não há eternidade que possa existir para me dar o poder de ter conhecimento de todas. Livrarias e bibliotecas são para mim espaços mais sagrados que igrejas. Eu me sinto protegida do mundo como se aí ninguém pudesse me fazer mal. Os livros consolam a alma ocultam a dor Te levam para outros mundos outros céus, infinitos. O livro é uma alucinação. A coisa é que ele um dia acaba e toda a dor volta. Sofrer com a personagem serve para esquecer o meu próprio sofrimento. Eu queria morar assim Numa imensidão de livros Para ler um atrás do outro e esquecer quem sou e porque estou aqui.

Confissão

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Todos os dias eu coloco a máscara de rir para todo mundo crianças, homens e mulheres de fingir que está tudo bem de fazer o papel de mulher maravilha Porque eu tenho vergonha dos meus fracassos da minha incapacidade de sobreviver nesse mundo mentiroso, de curar minhas próprias feridas Todos os dias eu sorrio no espelho, mesmo chorando, para tentar acreditar que posso ser feliz. Fazer o quê? Preciso acreditar uma vez mais. Há outra opção por acaso? Outra, que não seja se agarrar às raízes que ainda restam e subir todo o abismo chegar cambaleante lá em cima e tropeçando andar um pé após o outro sem destino com a roupa do corpo e uns sonhos presos aos cabelos? Sei que posso desistir.... Ficar lá nas entranhas das montanhas deitar o corpo e esperar a brisa levar o espírito que eu tenho dentro. Ah, teimosia! Você não deixa! Nunca sai de mim e me empurra mesmo quando eu não quero ir me faz viver mesmo quando quero morrer me faz emendar dias e dias desperta tentando ser feliz.

Saga da dor

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Uma ferida imensa era o meu coração Carne com nervos embolados Sentindo tudo ao mesmo tempo Doendo todas as dores Lá no chão pequena Chorando Como uma criança sem rumo Numa noite escura Deus ouviu meu desespero E mandou um anjo nessa noite triste Me dizer que a esperança é flor e botou uma pequena semente em minhas mãos E disse que se a gente rega e cuida Ela cresce e ilumina Ele me deu um sol para botar nos cabelos E minha cabeça clareou as ideias O anjo de Deus também tocou minhas feridas Botou remédio Disse que isso não tem jeito Que tem que doer muito Para eu ser mais forte um dia O anjo tinha um olhar triste Mas que tinha uma alegria escondida dentro. E eu resolvi tentar um dia mais A lutar contra a dor grande Porque um anjo desceu do céu A pedido de Deus Para me dizer que apesar de doer muito Ele está comigo.

Despedidas - I

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A despedida é uma dor que umedece os olhos. Minha primeira despedida foi quanto eu tinha 10 anos. Minha avó estava deitada na cama, respirando com dificuldade. Chovia muito, o céu era só raios e nuvens escuras. Ela tinha medo e eu segurei suas mãos, já meio frias e machucadas pelas picadas insistentes das agulhas. Pensava que assim pudesse aliviar um pouco seu medo e sua dor. Ela olhou pra mim. Um olhar piedoso, quase azul, desses que só os seres divinos podem nos dar. Ela me olhou e sorriu. Uma lágrima quente caiu de seus olhos. E o resto do calor que aquele corpo ainda guardava se foi naquela lágrima que ela me deixou. Uma lágrima e um sorriso. O resumo do que é a vida.