Sofia e o deserto de si mesma
Em seus encantamentos, perdeu-se Sofia pelo mundo andando pelos caminhos sem fim até chegar onde ninguém chega onde não havia florestas, nem flores nem água , só vento suicida que se debatia contras as pedras. Aos seus pés a areia dura, áspera rígida Sofia sentiu medo Tentou voltar, mas não havia volta Quis continuar mas a fadiga se apoderou dela; Seu grito ecoou pelas pedras rebatendo as suas próprias dores Desejou correr mas não se pode fugir de si mesmo As angústias de ser mulher se multiplicam na solidão Encolheu-se, cheia de areia até a alma o sol cegando, cortando o céu azul E em seus delírios ela via a escuridão dos seus caminhos Contou seus medos até perder-se em signos e algarismos afundando-se na areia corpo e alma de areia enquanto a ampulheta da vida derramava os últimos grãos na expectativa do último suspiro. Ninguém podia defendê-la dela mesma Os olhos, mesmo secos, romperam em água