A vida é uma imagem instantânea Uma fração de segundo congelado Em um sorriso, em um encanto Que efêmero termina O que vale a pena É o sorriso da moça perdido na imensidão da janela A nuvem decolando no telhado Um assovio de canção O que é feliz É o abraço espontâneo O frio da barriga Do momento que antecede o gol. Os olhos que contam aviões
Serenata O violão chora Suas notas desconsoladas Lágrimas de som, som seco, cansado O violão canta Sua música solitária De seis cordas Seis amigos Que se unem diferentes em compasso igual A brisa, emocionada Com a beleza arranjada Em acordes desolados Leva o som para os quatro cantos. E enche o ambiente de música; E preenche a vida já melancólica; Trilha sonora do coração apaixonado. Da menina emocionada. Que derrama suas lágrimas Da sacada enluarada.
Era novembro. Um novembro de verão, desses em que as crianças correm pelas ruas levantando poeira com suas brincadeiras. Os risos infantis corriam independentes dos choros abafados de uma ditadura que ainda perdurava neste 1983 cinza . Ano das longas listas das multinacionais cheias de gente transformada em números, números que alimentavam as estatísticas de demitidos políticos. Minha mãe, barrigão, matava os desejos da gravidez com sorvete de frutas e muita limonada. Meu pai não conseguia matar a insônia de preocupação que o perseguia todas as noites. Mamãe, com três filhas, a quarta na barriga, queria um menino. Sonhava com o garoto que ia vir, e que ela chamava Rafael. Meu pai, doido por mais uma menina, do seu canto, faz a proposta: “se for garota, eu escolho o nome”. No dia 17, depois de uma longa noite em que a criança, para desgraça da mãe, não queria nascer de jeito nenhum, o doutor resolve tomar medidas drásticas: tirou à força a menina sonhadora da barriga da D. Elisabete e a...
Comentários
Bem a vida da gente.
Que droga!!!!!
Beijos